sábado, 7 de agosto de 2010

Génesis do Coroado Um - Arrependimento

Hoje me encontro no passado, buscando respostas da Origem, do Nascimento e da Criação. Como era antes este Reino? entro nele regredindo meu relógio.
Antes ele aparentava tão pequeno, tento lembrar quando foi a primeira vez que o visitei, minha infância? talvez na minha adolescência, quando vivia em um Castelo, quando um dia fui um Rei.

Eu era um Rei com fama e poder, que governava através da mentira com muita maestria.
Do seu trono majestoso, usando seus trajes pomposos, assistia o Mundo acabar, planejava o próximo movimento em seu tabuleiro, onde sacrificava peças sem pensar, peças amarradas por uma linha minuscula.
Carregava o titulo de Mestre das Marionetes, e ele sempre esteve lá, o titulo, parado, e mesmo assim sua linha era invisível, mesmo admitindo estar habitado pela escuridão, não entendia porque as pessoas ainda se aproximavam, talvez pedindo por aquilo inconscientemente, pedindo para sofrer. E essas pessoas me encontravam, eu podia lhes mostrar as nuvens, e quando estivesse muito alto, percebiam que na verdade era um buraco. Escrevi com pedras sobre isso a muito tempo, sobre como era possível voar pelas nuvens, e quando elas se abrissem, veriam o sofrimento, lembro das pessoas rirem da minha frase, por acreditarem que o Paraíso fica para cima, claro que era engraçado, como subir e encontrar o chão.
Na verdade, acho que sempre aceitei fazer o papel do Diabo, para mostrar a verdade sobre as pessoas, mostrar o que eu via com meus olhos, mostrar a verdade através da dor, que o ser humano não presta.

Era o único habitante nesse castelo sujo, onde não permitia ninguém entrar, ao meu lado em pé, uma força maior me controlava, não sei bem o que era, sua aparência era distorcida, fosco.E no final o Mestre das Marionetes, estava amarrado, e é isso que o mal faz, te usa, não te deixa livre.
Aquele era o sentido de viver. Desejar e conseguir.

No tempo onde acreditava cegamente na frase:

"Minha culpa dura pela eternidade,
mas não rezo pelos mortos."

O que significa isso? Simples, ele errava, e mesmo errando, não estava nem ai, por não perder seu tempo pensando no que fez, e mesmo que tivesse feito, o que adiantaria pensar? se não ia mudar nada.

“Diversão é Diversão. O que foi feito, esta feito.”

Hoje em dia, penso diferente, minha culpa realmente pode durar pela eternidade, mas aprendi a respeitar os mortos, rezar por eles, saber que posso mudar.
Isso veio do arrependimento, de muitas coisas que eu fiz, de muitas pessoas que eu machuquei, e foi assim, que deixei de ser um Rei.
Onde decidi levantar, sair do Castelo, ver o Mundo, mudá-lo, fazer a diferença. Andar, aprender e ensinar.
O arrependimento decisivo veio quando recebi um golpe fulminante, e não era a dor de um corte de foice e sim a dor de uma espada flamejante.
Eu tinha tudo, e quando menos esperava, já não tinha nada, eu era feliz, e mesmo assim, continuei a desejar mais e mais, até ser machucado, e tudo foi-me retirado.Tinha aprendido a sorrir e queria me livrar do passado, e mesmo assim, errei, e com isso, perdi meu sorriso.
Depois que abri o portão e atravessei a ponte com o lago seco, olhei em todas as direções que não imaginava que existissem e comecei a caminhar, percebi o quão vasto podia ser meu Reino, onde agora no presente vivem outras pessoas, onde a vida pulsa todos os dias. Decidi me livrar daquela sombra que me dominava, agora era hora de espalhar esperança, por isso procurei o titulo de ser um Palhaço, e minha Coroa, é minha nobreza, que simboliza a Verdade e minha essência. Irei mostrar a Verdade para todos, irei ajudar quem precisar de ajuda.Como aquele que conhece o bem e o mal serei aquele que enxerga todos os lados.
Um Palhaço Coroado é um ser que conhece a verdade e não esta rindo, que todos os dias sofre, porque enxerga o que os outros podem ser e não são, vê o potencial das pessoas desperdiçados, porque enxerga além e se decepciona, porque não pode julgar e não é compreendido, porque é capaz de fazer tudo pelo outros, mas nada para si mesmo, ele não pode morrer, porque é obrigado a sobreviver, ele precisa...não, ele deve...Viver.
A aparência distorcida que ficou no castelo, preso, ainda tenta se libertar, agora comanda criaturas, que querem me parar. Até a Morte mandou me visitar, muitas vezes ela tentou levar minha alma e sempre falhou, porque agora sou protegido, tenho a oportunidade, foi me dado uma segunda chance, um novo caminho, para eu me redimir.
Eu nasci para o bem, e o mal arquitetou todo um plano para me desviar da luz, e mesmo assim, agora estou aqui, caminhando em direção a redenção, não para se livrar do que eu fiz, mas para ajudar os outros, mudar o Mundo, para eu poder sorrir de verdade mais uma vez.

E foi caminhando que cheguei até o Jardim dos Pecadores, descobri que tenho cicatrizes e que carrego o peso do meu passado, porque aqui é meu lugar, porque eu... pequei.

Continua...

2 comentários:

  1. oi! Sou mais uma vez.
    Você continua como sempre, escrevendo lindamente.
    Ainda me sinto sentada ao seu lado te ouvindo falar sobre esse assunto, é muito bom ler o que escreves aqui.
    Estarei ansiosa por saber o que virá por ai...
    Parabéns pelo que você escreve viu?
    Estou esperando a proxima...abraços

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  2. O que você escreve parece as histórias de "O pequeno príncipe", por sempre haver uma lição por trais da história. Eu já disse isso... eu sei, mas é verdade :]
    Pelo menos o meu mundo psicológico você já mudou, um dia mudará muito mais do que isso.

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