terça-feira, 9 de março de 2010

Pecado Cinco - Parado

Dizem que antes de uma Tempestade, o mar se acalma tudo fica parado, desta vez foi difícil chegar até aqui, quando apareci nesta noite no Reino o ponteiro do meu relógio de bolso parou. Sentei-me em uma pedra na beira de um precipício, onde á frente se encontrava um mar que refletido pela cor do céu se tornava roxo e juntando-se com a luz do circulo de sangue em volta da Lua transformava-se em um mar roxo avermelhado.Talvez fosse a predição de que muito sangue seria derramado, um mar de Veneno.Não sentia a presença do meu amigo Vento, poucas coisas poderiam ter sido sentidas nessa hora, nem mesmo meus pensamentos surgiram.

Olhando para o horizonte, na linha que separava o belo céu daquele mar destruidor vi primeiro o que achava ser uma estrela muito brilhante, que começou a se aproximar voando em minha direção com incrível velocidade, vendo suas asas pensei ser um pássaro e reagindo ao meu reflexo joguei-me ao chão para me proteger. Abrindo meus olhos o vi pousando ao meu lado, uma criatura que não devia fazer parte daquele Reino, o que um Anjo fazia em um Reino de Pecados?
- Desculpe-me por ter lhe assustado - disse-me ele com extrema calma
- Não entendo... O que faz um ser divino aqui? - disse me levantando e limpando a poeira de minha roupa
- Você acha que Anjos também não pecam? Deixe-me contar minha historia
- Aceitei ser um servo de Deus quando nasci e parti em resgate, andei por vários lugares mostrando minha Luz, influenciando pessoas que seguiam o caminho do mal, vi pessoas boas serem corrompidas, pois o Inferno interferiu tentando pessoas de bom caráter a errar e o Inferno faz as pessoas más buscarem a Luz, pedirem por redenção, salvei muitas almas das trevas. Passei muito tempo fora do Paraíso, quando tentei voltar, não conseguia, nem me lembro mais como ele é. Andando entre tanta sujeira, acabei sendo penetrado pelo mal, mas mesmo sem poder voltar para casa, fielmente continuei vagando cumprindo minha missão. Como pode ver minhas asas tem manchas negras, assim como seu coração.
- E não acha isso injusto? - perguntei indignado
- Te digo que o caminho do Bem é sempre o mais difícil, não aceitei esta missão por obrigação e nem esperando alguma recompensa, e sim porque é a minha vontade
- Quando se conhece a verdade, não tem volta - disse para o Anjo
- Eu te enxergo, este Reino esta paralisado, porque você se sente desvalorizado
- Agora percebo porque tudo esta parado, estagnado! - eu exclamei pensativo
- Irei agitar este Reino mais uma vez, tic tac, tic tac, com a freqüência do meu Tempo irei fazer o Tempo voltar a andar!
- Preciso ser mais ativo, eu não estava errado, só estava parado. Andar entre os mortais e tentar mudá-los, poderei ser atingido, nunca foi me dito que seria fácil, mas no final, tenho minha vontade.
- Qual seu nome Anjo?
- Não serei mais um Anjo, serei um Falcão e um dia saberás meu nome.

Com isso ele virou uma esfera de luz e penetrou dentro do meu ser, senti uma dor tremenda com aquela experiência e em minhas costas uma tatuagem de asas se formou. O mar se agitou, o vento apareceu em formato de um furacão, a terra tremeu e o meu relógio de bolso voltou a andar. A partir de agora tirarei da minha vida quem não merece quem não sabe me dar o devido valor, irei tentar ajudá-los, mas não irei insistir ou esperar para sempre, posso ser calmo, mais sofro muito mais que muitos pensam, talvez carregue um peso em meus ombros que ninguém imagine como é grande.

Obs.: Nenhum pecado em Latim neste tópico por causa da presença divina.

terça-feira, 2 de março de 2010

Pecado Quatro - Cegueira

"O homem de branco andava pelo deserto, e o pistoleiro ia atrás..."

Não sei mais há quanto tempo estou correndo, porque não consigo alcançá-lo?
Tudo começou quando ao longe enxerguei uma figura de manto branco, ao meio daquela escuridão, encima de uma montanha rochosa ele observava o Céu roxo escuro, mesmo sendo uma visão de destruição apocaliptica, ela sorria. Interessei-me por aquela figura que brilhava como uma luz de esperança neste Reino e fui a sua direção.
Por mais que eu andasse, não conseguia me aproximar, sentia o tempo passando, o frio e o calor, as estações mudando e eu ia a sua direção, o via andar calmamente trazendo tranqüilidade para aquele Reino, criando estrelas e alimentando rios com seu suor sagrado.
Comecei a correr atrás daquela figura misteriosa, apenas focando minha visão nela, sem perceber atravessei vários lugares como: montanhas, florestas, cavernas, jardins. Nesses dias mesmo que estivesse chovendo, nevando, eu nem percebia. Peguei-me sendo egoísta e ganancioso (Avaritia) com este objetivo.
Tentei segui-lo através do deserto, que foi quando percebi que quanto mais perto eu achava estar, mais longe me encontrava daquele ser. Por mais que eu corresse, ele sempre estava caminhando observando tudo a sua volta, e nossa distancia apenas aumentava. Foi quando finalmente acho que entendi quem ele era e o que representava... Olhei para a paisagem que me rodeava e sorri, irei fazer todo caminho de volta, andando. Quando virei de costas, aquela figura distante olhou para mim sorrindo e a partir daquele dia, comecei a senti-lo indo atrás de mim, estando cada vez mais próximo.

Por quantos lugares passei rápido, sem perceber a beleza que a rodeavam? Quantas coisas significativas deixei passar? Para o futuro, irei me despertar.

Obs.: A primeira frase é uma homenagem e uma modificação que fiz da primeira frase do livro “A Torre Negra” do Stephen King.